terça-feira, 17 de junho de 2008

MISTIKA III - 28/06

Quem? RADIOLA DUB, Krakatoa Reggae, Dub Play e Aldeia Reggae
Quando? 28/06
Onde? Chácara Alvorada (proximo ao Bazuah)

ESQUENTA NO REGGAE JUNINA - 20/06

Quem? RADIOLA DUB, King Lion, Braquiara e Mamahama
Quando? 20/06
Onde? Antiga Assenag (Bauru / SP)

terça-feira, 3 de junho de 2008

CULTURA RASTAFARI & SIMBOLOGIA

O papel de Haile Selassie no universo rastafari está ligado aos aspectos religiosos e socio-político-ideológicos que orientam a postura ou comportamento "rasta". A aura messianica do "Leão de Judah" constitui uma força de comunhão com ideais de paz, solidariedad entre os povos e amor universal além da valorização de todos os signos relacionados à afro-cultura, no continente africano e no mundo. A trajetória do rei etíope, suas idéias, sua imagem, sua biografia, alcançaram grande repercussão internacional graças à intensa divulgação nos mídia (meios de comunicação). Foi através das manchetes de jornais do mundo inteiro que Selassie chegou à Jamaica, onde Marcus Garvey reconheceu nele o Messias, o Salvador do povo negro profetizado pelo próprio Garvey aos antes.
Desde o princípio, a orientação ideológica foi acompanhada de expressões estético-artísticas correspondentes; na música, em ritmos como o ska, rocksteady e o reggae; nas cores das vestimentas, com a predominância do verde, amarelo e vermelho em contraste com o negro, em túnicas e calças de tecidos leves e corte amplo; nos cabelos longos, nunca cortados e trançados ou segmentados naturalmente em grossos cachos, um visual hoje denominado dreadlook. A cultura rastafari inclui, ainda, o resgate de tradições místicas relacionadas à dança, uso e fabricação de tambores e outras peças de artesanato, práticas curativas e crença no poder das palavras, herança da cabala de Salomão, que atribui um poder transformador da realidade aos sons da fala, conhecimento ocultista (esotérico) que se resume na legenda: Palavra, Som e Poder.

SIMBOLOGIA

A significação dos elementos estétio-artísticos da cultura rastafari está relacionada com suas origens doutrinárias onde se misturam símbolos antigos e contemporâneos. Quando se fala em "rastafari" certas imagens mentais são evocadas imediatamente, como "reggae music". Dreadlook ou a alegria, a vivacidade das cores predominantes em roupas e objetos. Cada um destes elementos tem sua razão de ser, sua explicação.

CORES
O verde, o vermelho e o amarelo são as cores da bandeira nacional da Etiópia, onde aparecem com o mesmo significado vigente entre os rastas e representam:
VERDE: terra e esperança
AMARELO: a Igreja e a paz
VERMELHO: poder e fé
São, portanto, cores representativas de valores tanto materiais (físicos) quanto metafísicos (ou espirituais). O físico, no verde, se relaciona à Terra-Mãe, natureza, fauna, flora tão exuberantes, na África, assim como no Brasil, fonte de vida e prosperidade, terra provedora de abrigo e alimento. O aspecto metafísico do verde é a esperança porque esta cor está ligada, nas tradições esotéricas mais antigas, aos fenômenos de renovação. No Taro, oráculo de cartas de origem hindu-egípcia, a carta XX, tem o verde como cor destacada. O arcano (a carta) chamado O Julgamento, mostra três figuras que se erguem de um túmulo diante de um anjo apocalíptico, uma cena de ressurreição.
Nos tons do amarelo e do vermelho se concentram outros significados subjetivos. A Paz, condição necessária a uma existência saudável; a Igreja, como força social de união entre os povos; o poder, como capacidade de realização de metas, de transformar sonhos em realidades e, finalmente, a Fé, sem a qual estas capacidades não podem ser alcançadas. É pela fé que se mantém a persistência rumo a um objetivo não obstante os numerosos obstáculos que se interponham entre uma pessoa e suas aspirações mais elevadas.

DREADLOOK
Como já foi mencionado acima, o dreadlook se refere ao estilo ou visual dos cabelos. Muitas "tribos urbanas" adotam estilos característicos de cabelo (ou não-cabelo!) como signos de identidade. Basta mencionas os rockers e hipies clássicos, que usam cabelos longos; os punks radicais, chamados skinheads (carecas) ou os punks moderados e os góticos, com cabelos arrepiados e tingidos. Os rstafaris não cortam os cabelos nem se preocupam em "domar" suas cabeleiras à custa de pentes e escovas furiosas, chapinhas (pequenas plataformas de ferro aquecido para alisar cabelos) ou produtos químicos. Os cabelos rasta crescem livremente e são cuidados com procedimentos normais que atendem simplesmente à higiene e a arrumação para fins práticos, com o prender ou usar uma touca em circunstâncias de trabalho. Há quem duvide mas os rastafaris lavam seus cabelos; apenas não usam gel, nem mousse ou laquê...
As tranças ou mechas são cultivadas desta forma por razões filosofico-religiosas e identitárias. Os rastafaris argumentam que o crescimento contínuo dos cabelos é condição natural da bioquímica do organismo humano, idéia que se combina com a evidência de queesta bioquímica é uma determinação de Deus, e a vontade de Deus é soberana. (A pelagem dos cavalos, das zebras ou das axilias e região pubiana, por exemplo, não crescem ad infinitum!). Por outro lado, o dreadlook remete à imagem da juba de um leão, animal que, enquanto símbolo, expressa várias idéias: rei (dos animais), força, coragem, dignidade. Historicamente, cada soberano da Dinastia do Rei Salomão, do Trono de Davi, recebe, com o cetro e a coroa, o título de "Leão de Judah", figura enigmática identificada como "aquele que resgata o Reino de Deus". Esotericamente, o leão refere-se ao retorno de Cristo (o Messias, o Salvador), que veio ao mundo há mais de dois mil anos atrás como "cordeiro de Deus". Dizem os profetas que a Segunda vinda do Messias ocorre nos seguintes termos: "o cordeiro voltará como leão". Para os rastafaris, este retorno já ocorreu e o Leão de Judá foi Haile Selassie, como foi explicado nos tópicos anteriores.

MÚSICA
A música rastafari, ao contrário da clássica concepção estética kantiana (de Emmanuel Kant), não se enquadra em questões de 'juizo de gosto" nem é uma atividade gratuita, objeto daquela contemplação conceitualmente vazia de "arte pela arte". A rastamusic é o que os teóricos Modernos e Contemporâneos consideram, com o horror de uma normalista, uma arte "utilitária", pelo simples fato deser música feita com claros objetivos político-ideológicos e metafísicos, que transcendem à comunicação artística de mero entretenimento.
Para além da difusão de ideais socio-políticos, as composições, em sua harmonia, ritmo e timbres dos instrumentos, buscam sintonia com o pulsar de um coração tranquilo e, por isso, estas composições são chamadas de "música do coração" ou heart beat. O uso da percussão com objetivos místicos e psicológicos tem raízes milenares não somente na África mas também na Ásia, em culturas antigas de países como Índia, China e Japão, sem falar dos povos pré-colombianos e dos povos indígenas brasileiros. Os sons dos tambores e de outros objetos percussivos, diferentes entre si e combinados na "batida" do reggae, é um meio de conexão com a divindade, de acordo com o conhecimento ocultista, que considera o som como a primeira manifestação de Deus em sua criação de todas as coisas. Está escrito no Gênesis: "No princípio, era o Verbo"; e o Verbo é palavra; e palavra, expressão objetiva do pensamento, concretismo sutil do mais abstrato, é som. A física atual já pode confirmar este ensinamento bíblico, uma vez que foi detectada uma vibração sonora presente em todo o cosmos conhecido até agora. A análise científica revelou que tal vibração, chamada "ruído de fundo" ou "reverberação residual", trata-se de um campo energético cuja idade se confunde com a origem do Universo, ou seja, tem a idade do Big Bang.
Outro aspecto da importância da música na cultura rasta é de natureza psicológica, aspecto este igualmente aceito pela ciência. Experiências laboratoriais já provaram exaustivamente que a música interfere no estado de espírito, ou humor, não apenas dos homens, mas também dos animais e até das plantas. Há músicas excitantes, outras depressivas e outras ainda, como o reggae (bem como a newage music e os cantos gregorianos, o canto-chão) que são tranquilizantes, capazes proporcionar um estado mental de serenidade, apaziguando emoções violentas e, por conseguinte, melhorando o desempenho da inteligência como um todo. Este poder tranquilizador da rastamusic é reforçado pelas letras das canções, que contêm mensagens de paz, amor e dignidade. É um tipo de sonoridade capaz de despertar a divindade que, em sua onipresença, reside dentro de cada um, por vezes oculta, mas sempre ali, esperando apenas um pequeno chamado para se manifestar. Cantando os versos de um reggae, proferindo repetidas vezes afirmações positivas, acredita-se que é possível, efetivamente, transformar a realidade. Esta é uma concepção que, mais uma vez, encontra respaldo nas tradições esotéricas que professam o ensinamento: "Falar é Criar".

Release Radiola DUB






segunda-feira, 26 de maio de 2008

Acordem amigos! A revolução não será televisionada

A revolução não será televisionada

Você não poderá ficar em casa, irmão.
Você não poderá sentar na poltrona.
Você não poderá se perder na troca de canais durante o jogo futebol,
porque a revolução não será televisionada
A revolução não vai passar no domingo a tarde.
A revolução não será ilustrada pelo sorriso das paquitas encantadas
com a nova canção do Jota Quest Vini, Sandy e Junior ou Ivete Sangalo.
A revolução não será televisionada

A revolução não vai estar nas telenovelas e não será estrelada pela
Maria Fernanda e Edson Celulari ou Tony Ramos e Vera Fisher.
A revolução não irá ensinar como se comportar e não fará vocë chorar
no último capítulo.
Adriane Galisteu, Luana Piovane, Gisele Bushen e a
Feiticeira não vão fazer você mais sexy.
A revolução não será imprópria para menores de 12 anos
porque a revolução não será televisionada.
Não existirão imagens excluisivas de policiais espancando negros
na Favela Naval ou som do tiro seco na cabeça do passageiro.
O SBT não dará a previsão do tempo na capital e nos 23 estados
A revolução não será televisionada

A revolução não será televisionada em câmera lenta, com narração de Galvão Bueno.
Não haverá imagens repetidas do carro batendo contra o muro.
Não haverá imagens de trombadinhas batendo carteira em plena luz do dia.
Padre Marcelo não fará a oração para um mundo mais católico.
Roberto Marinho, Roberto Civita, Silvio Santos e Bispo Edir Macedo não
decidirão o que todos vão ver e ouvir.
Empregados, escravos e malandros não serão a cara da minha nação,
pois os negros estarão nas ruas por um dia melhor.
A revolução não será televisionada.

As duas torres não desabarão
A sua casa não será dos artistas
E o grande irmão não estará de olho em você.
A revolução não virá a seguir, depois dos comerciais de pasta de dente refrescante, cerveja gelada e absorvente extrafino
Você não terá que se preocupar com a sujeira na cozinha, os juros mais
baixos ou com a pele mais suave.

A revolução não será melhor com Coca Cola.

A revolução não será o melhor carro popular.

A revolução colocará você na direção.

A revolução não terá reprise;

A revolução será ao vivo.

Shashamane

A Comunidade rastafari de Shashamane, na província de Shoa, Etiópia (indicada pela marca vermelha no mapa ao lado), ainda resiste apesar de todos os problemas enfrentados em 55 anos de história. É o que foi constatado por Paul Salopek, repórter do jornal americano Chicago Tribune, que esteve na famosa comunidade, considerada como a Jerusalém rasta. O antigo imperador Haile Selassie I, tido como Deus vivo por alguns rastas e como uma encarnação de Jesus Cristo por outros, cedeu a 12 pioneiros jamaicanos, em 1952, cinco mil metros quadrados de terra na cidade de Shashamane, há 250 quilômetros da capital, Addis-Abeba. Essa doação foi feita em agradecimento aos líderes negros dos Estados Unidos e do Caribe que levantaram fundos para que Selassie pudesse rearmar seu exército e retornar ao trono da Etiópia. O país havia sido tomado pelos italianos em 1941 (que já haviam perdido a batalha de Adowa para os etíopes na primeira tentativa de conquista em 1896) e foi recuperada, com a ajuda dos donativos e dos soldados ingleses, antes do final da Segunda Guerra Mundial. Mas a facção militar de inspiração soviética que tomou o poder em 1974, acusada de ter assassinado Selassie no ano seguinte, confiscou toda a terra, deixando os colonos à míngua, o que foi atenuado um ano depois, com a cessão do espaço ocupado por suas casas.


A comunidade (foto ao lado) resistiu a essa crise e também ao período de seca e fome que assolou o país nos anos 1980. Hoje conta com mais de 200 integrantes, a maioria crianças e jovens, nascidos na Etiópia. Entre os adultos a composição é eclética. Embora a maioria seja natural da Jamaica, a comunidade conta ainda com nativos de outras ilhas do Caribe, da Inglaterra e dos Estados Unidos. Alguns trabalham no comércio local, com pousadas e mercearias. Hoje as coisas estão melhores também porque a comunidade conta com o apoio de artistas jamaicanos como Rita Marley, que financiou uma escola e um posto de saúde em Shashamane. O lugar também é visitado por turistas, principalmente na festa que realizam por ocasião do aniversário de Haile Selassie I, em 23 de julho.
Desmond Martin (foto ao lado), um jamaicano que chegou em Shashamane nos anos 1970, acha que a Etiópia será sempre uma terra sagrada, mas que eles “não são considerados como parte deste lugar”. Os nativos etíopes se dividem sobre eles, acham que são pessoas bem intencionadas, mas não aprovam o uso da ganja, porque, segundo o professor Taye Kebede , “eles estão criando um mercado para a maconha, fazendo com que os fazendeiros parem de cultivar batata”. A erva sagrada dos rastas e fatores políticos estão dificultando a obtenção da cidadania etíope pelos colonos, algo que reinvindicam há cinquenta anos sem sucesso. Mas eles continuam lutando, como ratifica Earl "Chips" Sobers, um rasta de 44 anos, natural de Trinidad e Tobago, que se radicou lá em 2002: “Algumas pessoas vieram para cá esperando encontrar o Paraíso. Não é. Esse é o país do leão. Você tem que ser um leão para viver aqui”.
Fonte: Imprensa Reggae